segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Aliceando

Criança do semblante puro e desanuviado E dos olhos sonhadores de maravilhas! Embora o tempo se escoe, e eu e tu Estejamos separados por metade de uma Vida, Teu sorriso adorável certamente evocará O dom do amor de um conto de fadas. (Lewis Carroll)

Não lembro quando li esse verso pela primeira vez... mas a sensação ficou. Eu, pisciana, fui/sou uma criança de semblante desanuviado e olhos sonhadores de maravilhas. Sou a mulher sedutora e ladina. Sou a velha árvore que observa as brincadeiras do tempo. E não sou nada disso. Sou apenas energia que um dia voltará para Olorun e nele pousará vazia.

Verá todas as minhas vidas
Velha, Criança, Mulher
Concubina
Menino, Homem, Ancião
Freira, Monja, Meretriz
Intenso é o sentir
Tão imenso que não cabe no peito
É vento
E assusta
Muitas coisas são guardadas
Não segredos, mas amarras
Adagas que ferem a carne macia
Quando falo
Falo com a alma
Não há em mim palavras vazias
Isso não é desse mundo
Mas é nele que vivo
É nele que circulo em torno
da grande ruína
É nele que alço vôos nessa
existência fugidia
Não sei jogar
Nunca soube
Transmuto eus para falar com outros
Os amantes
Os que amo
São sempre mestres
No caminho
Silenciar e ser eremita
E mesmo assim dançar, brincar, rir
Falar com a carne da alma, puro sentir
Deixar a Luz tomar o Deus que há em mim
E deixar brilhar até a sombra que também me traduz

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